Peter Gunn – The Art of Noise feat. Duane Eddy (In Visible Silence, 1986)
Até que me caiam os dedos. Ou tenha que ir para a loja.
Peter Gunn – The Art of Noise feat. Duane Eddy (In Visible Silence, 1986)
Até que me caiam os dedos. Ou tenha que ir para a loja.
E conforme o prometido, aqui está o segundo volume da compilação para todas as pessoas que dizem que ouvem sempre o mesmo porque “não têm tempo para mais”. Conforme dito no primeiro volume, todas as músicas têm no máximo 150 segundos – tempo suficiente para ouvir uma coisa sem ficar com grande vontade de ir atrás do skip, e pronto para ir para o modo shuffle do leitor de mp3. A edição do meio é composta por…
Daqui a uns dias, vou colocar o post do terceiro e último volume. Até lá, vejam onde podem obter esta na lista de mixtapes publicitadas neste tasco.
Infelizmente (ou felizmente, diz a minha carteira) tenho menos tempo para actualizar isto, e com isso, deixei passar em claro alguns dos álbuns que planeava escrever sobre eles a fundo, por isso em vez de meia dúzia de posts dedicados a outros tantos álbuns, vou fazer um único post com esses trabalhos. E com isso, aproveitei para actualizar também a lista dos melhores álbuns segundo o autor deste tasco.
Mas começando…
Stainless Style
Neon Neon
Num ano em que o throwback aos anos 80 foi uma das notas dominantes, um destacou-se precisamente por emergir completamente na cultura da década. Não só na sonoridade, mas também no tema: o conceito do álbum gira em torno da carreira do frabricante de automóveis John Delorean, desenhador do carro desportivo de corpo de aço inoxidável escovado (daí o nome Stainless Style) DMC-12, popularizado na série Regresso ao Futuro. Enquanto os Neon Neon são um nome recente, Gruff Rhys é um nome bem conhecido como o vocalista dos Super Furry Animals, Boom Bip é um produtor/DJ que criou uma carreira sólida nos últimos 10 anos.
A explorar o synthpop da década (Belfast por vezes parece que foi escrita por Martin Gore), algum hip-hip pelo meio (afinal de contas, “bitches, bling and fast cars” é mesmo o que a vida de Delorean teve) e mais algumas referências à cultura dos anos 80, Stainless Style destaca-se dos restantes álbuns por não só ir recuperar determinadas sonoridades, como a colocá-las no contexto de uma das histórias mais estranhas dos anos 80, com isso conseguindo uma nomeação para o Mercury Prize. Amén.
A inovação é uma faca de dois gumes: tanto os fãs mais exigentes pedem que a banda complete ciclos e se re-invente ou mostre algum progresso no seu som. Enquanto os Franz Ferdinand aparentemente engasgaram-se pelo caminho e fazem cada vez mais concessões ao prometido há cerca de 8 meses – já não vai ser um álbum de “pop sujo” (os Primal Scream e os Glasvegas anteciparam-se), e já vemos o baterista a considerar que por mais alterações que façam, vão soar sempre ao mesmo. O que tanto é bom, como é péssimo. Já os Keane, tão odiados como amados, prometeram, na declaração mais aberta a comentários para o “lol” no forum do Blitz, esquecer-se das normas de bom gosto, e produzir um álbum diferente dos anteriores.
Embora seja verdade que Perfect Symmetry é um álbum com bastantes diferenças, principalmente contra Under the Iron Sea, essas diferenças são apenas exploradas (com resultados variáveis, embora em geral positivos) em cerca de metade do álbum… o que é mais que certas bandas levadas a ombros fizeram no seu terceiro álbum. A fã Katie diz que Spiralling já é um risco considerável para o trio, enquanto eu após ouvir o álbum pela quarta vez, acho que metade do álbum é demasiado “conservadora” e demasiado em linha com o anterior. A seguir o caminho dos Simple Minds ou não, metade de Perfect Symmetry é uma prova que a banda não está limitada ao pop MOR dos primeiros álbuns, e consegue mexer-se confortavelmente noutras paragens. O que é mais que se pode dizer de muitas bandas levadas ao colo pela crítica.
E agora, uns mais antigos…
What We Must
Jaga Jazzist (2005)
Enquanto esta década foi lamentavelmente uma para esquecer do ponto de vista da criatividade musical vinda das ilhas britânicas, os países nórdicos libertaram-se da fama de produtores de pop de qualidade duvidosa ou de 391 variantes de metal, e bandas como os Röyksopp, The Knife, Sigur Rós, Múm ou Kings of Convenience trouxeram ideias novas aos géneros em que se enquadram. Os Jaga Jazzists representaram a revolução no Jazz vinda dos países nórdicos, tendo conseguido alguns prémios com A Livingroom Hush, de 2001.
No entanto, o que é neste momento o último álbum da banda é uma exploração das sonoridades do post-rock, a que se juntou a experiência jazz da banda, conseguindo algo de bastante interessante e diferente, num género que se encontra cada vez mais formatado a certos clichés.
Who’s Afraid of ?
The Art of Noise (1984)
O primeiro álbum do colectivo de não-músicos desafia o próprio conceito do que será música pop – a ideia de um álbum experimental vai contra tudo o que se pode pensar sobre o género (principalmente nos últimos anos, em que a música pop ganhou contornos quase laboratoriais). Mas a equipa por trás dos Art of Noise não só ia demonstrar as capacidades dos samplers (a usar sons de diversas origens, desde um carro a arrancar até ao “hey” que iria ser popularizado pelos Prodigy na década seguinte).
É possível já ouvir neste álbum alguma da capacidade bastante cinemática dos Art of Noise, potenciada essencialmente pelo talento de Anne Dudley, que terá em Moments In Love o seu momento mais alto. Este é um dos álbums essenciais dos anos 80, e apesar da tonalidade algo experimental (pouco tem a ver com o synthpop que outras bandas como os Depeche Mode ou os Ultravox faziam na altura) uma prova que o mal actual da música pop não é ser pop – é de ser excessivamente conservadora.
Formados na ressaca do punk, os Orange Juice foram uma das primeiras bandas a adoptar os ensinamentos da cena independente desenvolvida mais a sul, e ao mesmo tempo, uma banda de referência para a cidade de Glasgow, que nos anos seguintes se iria tornar num dos maiores centros para a música Britânica.
Rip It Up, editado após a Postcard Records que os viu nascer ter desaparecido, é um conjunto brilhante de canções pop, uma mistura dos ensinamentos do punk (com uma vénia aos Buzzcocks na faixa título) com tiques disco e funk, algo a que os fãs dos Talking Heads e Gang of Four não será de todo estranho. Um verdadeiro triunfo da música indie britânica pré-Smiths (e pós, diga-se), e que ainda faz muito a ver a bandas como os Franz Ferdinand e os The Ting Tings.
Close (To The Edit) – The Art of Noise (Who’s Afraid of the Art of Noise?, 1984)
Anos antes dos M|A|R|R|S terem assaltado os tops com a mítica Pump Up The Volume ou os KLF (então The Justified Ancients of Mu-Mu) terem produzido um álbum unicamente com samples (1987 (What the Fuck Is Going On?), os Art of Noise usavam a mesma tecnologia para produzir synthpop altamente experimental, até com uns traços industriais, ao mesmo tempo que influenciavam os compositores da então emergente demoscene, nas costas de computadores pessoais como o Commodore 64.