O único blog/publicação online de música que sigo frequentemente é o do Guardian. É em geral sério,tem críticas mais ou menos fundamentadas (outras, nem por isso), mas um post do blog de hoje é francamente mau: Why are the Stone Roses adored?
Antes do mais, há que fazer a separação entre duas coisas: o The Stone Roses é um dos melhores álbuns dos anos 80 e de sempre, enquanto os Stone Roses, enquanto banda, figuram apenas em tops meus muitíssimo especializados. E logo aí, a premissa do artigo está completamente incorrecta:
The Manchester band are seemingly immune from criticism.
Isto é completamente incorrecto. Para começar, é frequentamente referido que o Ian Brown tem tudo para ser um grande vocalista/frontman, tirando uma coisa: a voz. Ora, por isso mesmo as performances ao vivo da banda sempre foram muito criticadas; mesmo o mítico concerto de Spike Island em 1990 será mais lembrado pelo Ecstasy do que pelo concerto em si. O segundo álbum, cuja demora até assentar na Geffen muitos dizem dever-se a uma certa ganância da banda, recebeu críticas francamente negativas – ou numa expressão mais correcta, decepcionantes. O último grande concerto da banda, no festival de Reading em 1996, é frequentemente citado como um dos piores de sempre, e até a derradeira passagem por Paredes de Coura nesse mesmo ano resultou numa tremenda decepção para os fãs Portugueses. Muitas críticas feitas vezes sem conta, e que colocam a banda longe da “imunidade” proclamada.
The Stone Roses é um álbum clássico por diversos motivos. O trabalho de produção é notável – basta ver como o Ian Brown parece ter uma voz agradável, tem provavelmente a melhor secção pura de ritmo dos anos 80 (Reni + Mani) e um guitarrista com ouvido para combinar o indie pop pós-Smiths com rock psicadélico dos anos 60 e fundir com os ritmos mais dançáveis de Madchester. O pior é que na confusão entre a banda e o álbum do mesmo nome, perderam-se motivos perfeitamente válidos para questionar a re-ediçaõ do álbum, um dos quais o número quase absurdo de vezes que o mesmo já foi re-editado. O outro, será a mão (ou falta dela) que a banda teve nesta re-edição.
Agora, valerá a pena? Infelizmente, a moda do re-issue, re-package dos últimos tempos começa é a tirar-me a vontade de comprar CDs…