Shoegaze (redux)

Porque achei que podia fazer melhor, e desde Novembro/Dezembro passado dei de caras com mais bandas que podem completar o ciclo do shoegaze nos tempos modernos e para comemorar o regresso dos My Bloody Valentine daqui a poucos dias decidi rever algumas partes do artigo que escrevi.

Final dos anos 80. O Reino Unido dança aos sons vindos do Noroeste de Inglaterra enquanto a saída de Johnny Marr dos Smiths chocava os que haviam seguido religiosamente a banda durante os anos anteriores. A música electrónica começa a afirmar-se definitivamente como uma força no panorama britânico, e os KLF observam como podem explorar a indústria da música para seu proveito e, acima de tudo, gozo pessoal. No entanto, no vale do Tamisa uma série de bandas parecia querer começar uma guerra… ou pelo menos, fazer a música de fundo para uma. Com concertos comparáveis a um avião de grande porte a descolar, álbuns extremamente elaborados e um conceito de “finanças” digno de um Tony Wilson, criaram algumas das melhores músicas de guitarra da era. Nascido algures entre o dream pop e o noise pop, isto é o shoegaze.

cocteautwins.pngDuas das maiores influências no género originaram, curiosamente, na Escócia: os The Jesus And Mary Chain da Creation Records (e mais tarde na Blanco y Negro) e os Cocteau Twins da 4AD. Estes contribuíram com a melodia e as letras, que antes de serem entendidas ou terem algum tipo de significado (Elizabeth Fraser, vocalista da banda, admitia que era frequente a letra ser improvisada ao vivo) serviam como mais uma textura ao som da banda, como é possível obervar em Ivo, a faixa de abertura de Treasure:

Dos primeiros herdavam o som agressivo da wall of sound popularizada por Phil Spector anos antes e a pose em palco, quase imóveis e com aspecto aborrecido enquanto tocavam em volumes ensurdecedores. Um dos melhores exemplos é Never Understand, single presente na obra prima da banda Psychocandy, que inclusivamente muitos consideram como o primeiro álbum a cair no alcance do shoegaze, ou até mesmo o seu primeiro single, o ensurdecedor Upside Down:

Igualmente importante foi o space rock alternativo dos Spaceman 3, da terra que viu nascer o rugby. A banda de Jason Pierce e Peter Kember deixou a sua marca no género com as suas melodias construídas com base no drone das guitarras, percussão simples e vozes leves, quase como um sussurrar por cima dos instrumentos, caindo entre as duas bandas escocesas antes mencionadas. A sua postura em palco era bastante relaxada, tocando muitas vezes sentados, iluminados apenas por projectores baratos com padrões psicadélicos, um elemento que musicalmente foi crescendo de importância na banda, tudo no espírito que regia a banda: “Taking drugs to make music to take drugs to“. Muitas outras bandas são referidas como influências: Os Velvet Underground, Dinosaur Jr. ou os Sonic Youth, principalmente pela forma como conseguiam arrancar sons menos convencionais dos seus instrumentos de cordas.

Conforme admitido pelo seu frontman, as duas últimas são consideradas como as maiores influências para a banda referência do género (apesar dos próprios se colocarem do lado de fora), os My Bloody Valentine, cujas sementes foram plantadas no final dos anos 70 quando o guitarrista americano radicado na Irlanda desde os seis anos Kevin Shields e o baterista Colm O’Ciosig responderam a um anúncio para uma banda. No entanto, se a presença de ambos na banda não iria durar, a amizade sim, e em 1983 a banda nascia com Dave Conway como vocalista e a namorada do mesmo, conhecida apenas como Tina, como teclista. Bastante influenciados por bandas post-punk como os The Birthday Party de Nick Cave, o primeiro disco (This Is Your Bloody Valentine) pouco ou nada tinha a ver com o som futuro da banda, gravado em Berlim numa “tour permanente” pela Europa. O insucesso fazia com que a banda voltasse a Londres, e a sua primeira vítima com Tina a sair da banda. Para preencher o vazio, os membros restantes da banda procuraram um baixista, e escolheram Debbie Googe a partir de uma recomendação de uma ex-namorada da mesma ainda em Berlim. Estávamos em 1985, e no final do ano o segundo EP da banda, Geek!, saía, mas de novo sem conseguir criar o impacto esperado pela banda e ainda musicalmente longe do que viria a ser o seu som característico. Isso iria acontecer com The New Record by My Bloody Valentine mais tarde no mesmo ano, e outro EP em 1987 de seu nome Sunny Sundae Smile, com a faixa de abertura com o mesmo nome:

mbv_promo.pngConway, no entanto, iria abandonar a banda pouco depois para seguir outro caminho (é agora escritor) devido à então falta de futuro da banda e uma infecção intestinal que o impedia de participar nas tours frequentes. Com o projecto em risco, Kevin Shields procurou por um novo vocalista, e após os anúncios colocados na imprensa terem sido infrutíferos, chegou aos ouvidos uma recomendação para Bilinda Butcher – “conseguia cantar bem as nossas músicas, só tinha que lhe mostrar como tocar guitarra“, diria mais tarde. Assumindo o papel de vocalista secundário, Shields tinha aqui a formação da banda com o qual iria oferecer uma alternativa aos sons vindos do Norte, na mítica Haçienda de Tony Wilson, New Order e da Factory. E assim, com os dois EPs (Strawberry Wine e Ecstasy) estava aberto o caminho para o som definitivo da banda, não sem antes aceitarem a proposta de Alan McGee e juntarem-se à Creation Records, onde iriam lançar o seu primeiro álbum, Isn’t Anyhting, e onde encontravam os The House Of Love, uma banda que por muitas vezes cruzava o indie pop dos Smiths com guitarras mais “aguçadas” típicas das bandas que seriam mais tarde etiquetadas como shoegazers.

Este disco iria ser o catalisador de uma série de bandas que exploravam os limites melódicos do feedback, e que seriam apadrinhadas pelo mítico apresentador John Peel que convidava estas bandas, algumas delas ainda com um singelo EP (ou nem isso), para gravar uma das suas famosas Peel Sessions. Uma dessas bandas surgiu em 1988 em Oxford, e composta por Andy Bell, Laurence Colbert, Mark Gardner e Steve Queralt, os Ride apresentavam um registo com mais base no rock, e num acaso do destino em 1989 um concerto para o qual haviam sido chamados à ultima hora colocava-os debaixo da mira de Alan McGee: pouco depois, estavam a assinar um contrato com a mesma Creation que acolhia os My Bloody Valentine. Em 1990 a banda correspondia à chamada a lançar o aclamado Nowhere, que atraía as atenções de um público e de uma imprensa interessadas com os contrastes entre o Norte e o Sul do país. O NME chamava a estas bandas shoegazers pelo hábito dos músicos permanecerem imóveis e a olharem fixamente para os pedais de efeito da guitarra, um termo que ainda hoje é bastante discutido por ser dúbia a intenção com que foi inicialmente utilizado por também poder ser uma alusão à inércia provocada pela heroina, o mesmo se passando com a denominação de “The Scene That Celebrates Itself” pela agora defunta Melody Maker a um grupo restrito de músicos que assistiam regularmente aos concertos uns dos outros. Entre essas bandas figuravam os Lush, com um som a fazer juz ao nome, Slowdive e Chapterhouse, que iriam lançar na sua estreia outro dos álbuns definitivos do género, de seu nome Whirlpool, no Verão de 1991, whirl-lovelss.pngano que iria ser o auge do género com os Slowdive também a darem a sua contribuição com o seu álbum de estreia Just For One Day. Ao mesmo tempo, os Curve, projecto de Toni Halliday e David Garcia gravavam o álbum de 1992 Doppelgänger, que apesar de ainda ter bases no shoegaze já se aproximava mais da linha de rock alternativo que os Garbage iriam popularizar na segunda metade dos anos 90.

A continuar a tradição de EPs da banda, Os My Bloody Valentine aqueciam com Glider (1990) e Tremolo (1991) antes de lançar a sua obra prima: o LP Loveless em Novembro de 1991, frequentemente considerado um dos melhores dos anos 90 (conseguindo a distinção de melhor por diversas ocasiões), num processo de anos, levando o patrão da Creation Alan McGee e dezenas de engenheiros ao desespero (um dos quais Alan Moulder, que iria mais tarde trabalhar em álbuns como Siamese Dream dos Smashing Pumpkins e The Downward Spiral dos Nine Inch Nails) com as tentativas de Kevin Shields em conseguir reproduzir os sons que imaginava na sua cabeça. O processo moroso fez diversas vítimas, uma das quais Kevin Shields, que anos mais tarde confessava ter perdido a cabeça durante a gravação do álbum. “Maluco, mas não demente“, mesmo assim. Uma das histórias mais citadas é a do estado da sua casa durante a gravação do álbum: chinchilas em jaulas, arame farpado por todo o lado. Se dos roedores não há confirmação, o arame farpado foi confirmado pelo próprio Kevin Shields: uma forma de manter o material dispendioso longe de “amigos do alheio”. Alan McGee não estava em melhor estado; àpós ouvir títulos de músicas do álbum (To Here Knows When, When You Sleep, Sometimes, Soon) como respostas à pergunta “quando está pronto?” acabava por acabar na cama de um hospital com um esgotamento nervoso agudo. O motivo era simples: Loveless ameaçava levar a empresa à falência com gastos finais na ordem que vão das “15 a 20 mil Libras” tendo a banda suportado grande parte do gasto restante (segundo Kevin Shields), passando pelas somas mais modestas de 100 mil Libras, “o mesmo que Screamadelica, duvido que a Creation tivesse sequer 300 mil para gastar num álbum” segundo Bobby Gillespie dos Primal Scream, companheiros na Creation que gravavam o pioneiro Screamadelica ao mesmo tempo, até que chegamos aos valores de 250 mil e até mais, segundo de Alan McGee.

No entanto, a partir daqui o género começou a decair. Apesar de fazerem parte da popular Rollercoaster Tour em Março de 1992 com os emergentes Blur (ainda na sua fase baggy), Dinosaur Jr. e os The Jesus and Mary Chain, os My Bloody Valentine não iriam voltar a lançar material novo (excepto uma cover do hit de Louis Armstrong We Have All The Time In The World para uma compilação da Island Records (editora que os acolhia após a saída pouco amigável da Creation), enquanto os Slowdive tentavam desastrosamente fazer uma tour auto-financiada pelos Estados Unidos, país onde o género nunca causou impacto ou atraiu seguimento para além dos casos de bandas com quem algumas influências (principalmente os Sonic Youth) eram cruzadas, como a banda indie americana de excelência, os Yo La Tengo (com quem Kevin Shields iria trabalhar mais tarde) ou os “reis” do Lo-fi Pavement e Sebadoh. Dois dos poucos casos de bandas abertamente influenciadas pelo shoegaze foram os Lovesliescrushing e os Galaxie 500, estes conhecidos, entre outras músicas, pela brilhante cover de Ceremony dos Joy Division/New Order:

Aliás, o mesmo se iria passar no resto do globo: tirando excepções como os Bailterspace neo-zelandeses, o fenómeno do género era confinado às Ilhas Britânicas. A maior ameaça ao género seria com a “invasão” do grunge, com uma sonoridade mais acessível (tanto pare a quem ouve como para quem tenta tocar) e um acolhimento mais favorável da imprensa, que havia sempre visto a Scene That Celebrates Itself com algum desdém, considerando um género uma simples “brincadeira perdulária de classe média”, já que o setup de Kevin Shields em 1991 incluía diversos pedais, por exemplo – e sem conseguir repetir ao vivo as passagens mais complicadas de Loveless – e mais tarde acusou Neil Halstead dos Slowdive de o tentar copiar.

slowdive.pngO canto da sereia do género foi dado pelos mesmos Slowdive já em 1993 com o igualmente mítico Souvlaki, com uma formula algo semelhante ao som dos My Bloody Valentine, embora bastante menos “bélico” em disco, como é possível ouvir na segunda faixa, Machine Gun:

De resto, no mesmo ano os Suede lançavam o álbum homónimo que iria transformar a música Britânica pós-Madchester e levá-la ao Britpop, género que dominou as atenções nas ilhas nos anos 90, condenando o shoegaze ao esquecimento. Sem o apoio das editoras, da imprensa (muito por culpa da imagem algo reclusiva dos músicos e ao contrário das bandas do emergente Britpop serem notoriamente maus entrevistados) e com uma fanbase diminuta por nunca ter entrado no importante mainstream, as bandas foram forçadas ou a mudar a sua aproximação à música ou simplesmente acabar. Outro factor era a própria saúde dos músicos: Todas as bandas incluíam músicas apoiadas no feedback que alcançavam níveis ensurdecedores ao vivo como Seagull dos Ride ou You Made Me Realise dos My Bloody Valentine, esta muitas vezes expandida até aos 10 e 20 minutos além dos aproximadamente quatro minutos da versão em disco de modo a incorporar uma passagem composta exclusivamente por ruído a que se dava o nome de It ou Holocaust. Enquanto este tipo de intensidade ao vivo a contrastar com a pose em palco dos músicos era uma das imagens de marca do género, deixava uma marca física bastante desagradável: Kevin Shields adquiria um zumbido permanente enquanto Bilinda Butcher e Rachel Goswell sofreram um tímpano perfurado, que no caso da vocalista dos Slowdive ainda a obriga a usar um aparelho auditivo e a lidar com problemas de coordenação motora.

Os Ride acabaram por ceder precisamente por tentarem manter o som no mesmo rumo que as bandas contemporâneas, o que levou ao seu final em 1996, tendo Andy Bell, anos mais tarde, juntado-se aos Oasis, o expoente do Britpop, enquanto Loz Colbert iria juntar-se aos Jesus and Mary Chain no seu regresso em 2007. Os Slowdive transformaram-se nos Mojave 3, progressivamente mais acústicos e suaves e os Lush transformam-se numa banda com um som mais aproximado do Britpop moda da época e continuaram até 1998, apesar da morte efectiva do grupo ter ocorrido dois anos antes com o suicídio do baterista Chris Acland. Em 1995 os My Bloody Valentine entraram num hiato do qual teimaram em sair, e Kevin Shields manteve o seu low-profile habitual, aparecendo pouco nos anos seguintes, tirando a sua participação na banda sonora do filme Lost In Translation e as colaborações com os Primal Scream (entre outras bandas) onde se encontrou com Bobby Gillespie, baterista dos JAMC durante a era Psychocandy, e a mesma distância para a indústria repetiu-se com os restantes membros da banda, excepto Debbie Googe que formou os Snowpony em 1996. Entre os que se adaptaram com maior sucesso, existem os casos dos Boo Radleys e dos The Verve, que apareceram já no ciclo final do Shoegaze acabaram por criar um dos hinos do Britpop com Bittersweet Symphony.

sigurros.pngApesar de ter tido um sucesso comercial muito limitado, o impacto do Shoegaze começou a ser notado nos finais deste século. Bandas de post-rock como os Islandeses Sigur Rós iriam pegar em alguns dos elementos do shoegaze e adaptá-los no seu trabalho – o som intenso da banda e o uso das letras (pelo menos para uma boa parte da sua fanbase fora da Islândia) e voz como textura sonora e as experiências em Vonlenska, língua inventada pela banda no seu primeiro trabalho e que compõe a totalidade das letras em ( ) prestam uma homenagem ao shoegaze, bastante mais próxima das melodias em Treasure do que em Psychocandy. Em França, os M83 adoptaram igualmente a mesma aproximação, mas com um tratamento mais electrónico, como é possível ouvir em Run Into Flowers, a terceira faixa de Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts de 2003:

Existe igualmente um movimento “Newgaze” influenciado pelo som das bandas originais que fizeram parte do movimento, este muito mais internacionalizado, como é possível ver da terra natal de Kevin Shields, cada dos Asobi Seksu, que com a mesma intensidade sonora, contam com algumas músicas com letras em japonês cantadas por Yuki Chikudate, numa aproximação que fica entre os My Bloody Valentine de Sunny Sundae Smile e os Cocteau Twins com uma pitada de J-Pop. A banda de Nottingham Amusement Parks on Fire é outro nome a reter desta nova vaga, com um estilo muito mais próximo dos Ride, o twee pop dos The Pains Of Being Pure At Heart a prestar uuma homenagem aos primeiros discos dos My Bloody Valentine, as paisagens etéreas dos A Sunny Day In Glasgow às guitarras que fazem descobrir uma harmonia por entre o ruído dos A Shoreline Dream, Silversun Pickups, Maps ou Sennen, e finalmente, após uma década de rumores, os próprios My Bloody Valentine decidiram completar a sua trilogia com um novo álbum a ser lançado “brevemente”, segundo palavras de Kevin Shields, não nos esquecendo da tour de regresso que começa dia 20 deste mês.

Algo que torna um álbum musicalmente relevante à prova de tempo é o número de imitadores que cria e quantos deles conseguem superar a sua inspiração. Psychocandy, 22 anos depois, continua tão fresco e inovador como no dia em que saiu, já que se mantém como a maior referência do noise pop, e poucos conseguiram alcançar o nível da banda dos irmãos Reid nesse campo. O mesmo se passa com grande parte parte do trabalho das bandas que foram agrupadas no género: com uma produção cuidada, cada banda tinha a sua forma de dar detalhes únicos aos seus álbuns, o que resultou em sons distintos dentro do mesmo estilo. Confinado a uma estreita localização no espaço e no tempo, poucas foram as bandas que se aventuraram neste campo, mas cada uma delas deixou pelo menos um LP que merece ser ouvido com atenção, e cada um acaba por ser um retrato de um som perdido, e muitas vezes incompreendido, no final dos anos 80 e princípio dos anos 90.

Recomendações

Influências:

  • Treasure – Cocteau Twins (4AD, 1984)
  • Psychcandy – The Jesus and Mary Chain (Blanco y Negro, 1985)
  • Playing With Fire – Spaceman 3 (Fire, 1989)

Shoegaze:

  • Isn’t Anything – My Bloody Valentine (Creation, 1988)
  • On Fire – Galaxy 500 (Rough Trade 1989)
  • Nowhere – Ride (Creation, 1990)
  • Whirlpool – Chapterhouse (Dedicated, 1991)
  • Loveless – My Bloody Valentine (Creation, 1991)
  • Souvlaki – Slowdive (Creation, 1993)

Paralelos:

  • The House Of Love – The House Of Love (Creation, 1988)
  • III – Sebadoh (Homestead, 1991)
  • Doppelgänger – Curve (Anxious 1992)
  • Painful – Yo La Tengo (Matador, 1993)
  • Xuvetyn – Lovesliescrushing (Projekt, 1996)

Influenciados pelo Shoegaze:

  • Ágætis byrjun – Sigur Rós (Fat Cat, 1999)
  • Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts – M83 (Gooom, 2003)
  • Out Of The Angeles – Amusement Parks On Fire (V2, 2006)
  • Citrus – Asobi Seksu (Friendly Fire, 2006)
  • We Can Create – Maps (Mute, 2007)

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Posted Terça-feira, 10 Junho 2008 by Silva in Musica