Archive for the ‘Ohm Sweet Ohm’ Category

Ohm, Sweet Ohm V

E ainda mais três…

Senior
Röyksopp
Ω Ω Ω

Para o bem e para o mal, os Röyksopp foram uma das bandas sonoras da década passada – o primeiro álbum, para além de os ter transformado nos maiores nomes da chamada Bergan Wave, acabou por sofrer ao ser usado como banda sonora para tudo e mais alguma coisa. Depois de um algo desapontante The Understanding, a banda voltou em força com Junior, melhor álbum de 2009 para este tasco, e rapidamente confirmaram que essa seria apenas uma faceta das gravações – iria haver um segundo álbum, cujo ambiente seria complementar às emoções de Junior. Eis Senior.

A melhor faixa é sem dúvida The Alcoholic, que entra no panteão das melhor músicas do duo Norueguês. Quanto ao resto, está ao mesmo nível de Junior? Não – embora as comprações poderão induzir em erro. Se Junior era uma festa, Senior é a ressaca do dia seguinte. Se Junior era para ser ouvido em qualquer lado, Senior é para ser ouvido numa sala mal iluminada, em quase silêncio.

Crazy For You
Best Coast
Ω

Muitos certamente iriam apontar este como um dos candidatos a álbum do ano aqui para o tasco – mas a verdade é que irá ficar bem para trás na tabela final. Não que o album seja mau – é divertido, ouve-se certamente sem enjoar, e faz a meia hora que ocupa passar bem – o que acaba por não surpreender, já que no fundo, 0 garage pop dos anos 60 acaba por ser propício a isso.

Depois das Dum Dum Girls e dos “companheiros” Wavves (isto para referir apenas dois dos nomes já aqui louvados este ano) começa a ser difícil apreciar este tipo de sonoridade com o mesmo entusiasmo – no fundo, o mesmo problema que empurrou os Drums para o fundo da tabela. Tivesse saído em 2009, figuraria muito mais acima. A meio de 2010, parece apenas mais um.

Interpol
Interpol

Custa pensar nisso, mas estamos quase no 10º aniversário desde que os Interpol recuperaram a sonoridade de uma Inglaterra em crise, ainda na ressaca do furacão punk, e imposeram-se juntamente com os Strokes num ambiente musical dominado pelas teen starlets e o um nu-metal já bem na fase descendente.

Fase essa em que os Interpol estão agora, e entraram no vazio criativo que vitimou muitas das bandas originais do circuito – embora os primeiros sinais tenham já surgido com Antics, e manifestado-se definitivamente com Our Love To Admire. A banda sempre teve algum sentido na sua música, sabia-se para onde queria ir (embora tal como já dito, tenha falhado a viagem nos tempos mais recentes), mas agora parecem contentes onde estão. Musicalmente mornos, Paul Banks parece estar a fazer um frete a cantar uma boa parte das músicas, e ao fim de algum tempo, acabamos por pensar que já estamos no fim do álbum quando ainda apenas 4 músicas passaram. No fundo, já ouvimos isto antes. Demasiadas vezes.

Posted Quarta-feira, 22 Setembro 2010 by Silva in Ohm Sweet Ohm

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Ohm, Sweet Ohm IV

Mais três…

Minotaur
The Clientele
Ω Ω Ω

Um ano após a perfeição Outonal de Bonfires on the Heath, os Clientele re-aparecem em 2010 com um mini-álbum (ou se quiseremos, um EP de 30 minutos) com sobras de material das ultimas sessões. E que sobras são – MinotaurGerry captam o ouvinte da mesma forma que os primeiros acordes de I Wonder Who We Are.

Apesar de lhe faltar a coesão de um álbum devidamente estruturado, resta-lhe apoiar-se na força das musicas.  Consegue? Sem dúvida.

Surfing The Void
Klaxons

Não é que seja mau.  Aborrece, mas não ofende, tem alguns momentos razoavelmente bons (Venusia), mas no fim por baixo de todo o blá blá experiencialista dos membros da banda, é um álbum formulaico, com o single Echoes a ser o melhor exemplo. Se por pressão da editora ou não, acaba por ser irrelevante – um artista tem de saber até onde está disposto a fazer concessões…

Fission
Film School

Filhos da década que a história vai acusar de não ter sido mais que o mastigar de referências passadas (e acredito que nesses 10 anos não faltou espaço para recalcar tudo e mais alguma coisa), os Film School chegam a 2010 com um novo álbum, um pouco afastado do dreampop que classificou plenamente esta banda nos trabalhos anteriores, com músicas de certa forma mais convencionais e de mais fácil acompanhamento.

O melhor elogio que se pode fazer a Fission é que é competente. O pior é que é desinspirado, e no fundo, já ouvimos isto tudo algures. Seja há 30, 20 ou nos últimos 10 anos.

Na próxima edição: Röyksopp de certeza, o resto já não me lembro o que era.

Posted Terça-feira, 31 Agosto 2010 by Silva in Ohm Sweet Ohm

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Ohm, Sweet Ohm III

Siga!

The Suburbs
Arcade Fire
Ω Ω Ω

Um dos grandes lançamentos do ano, de uma das bandas que mais contribuiu que a diferença entre o mainstream e o alternative voltasse a diluir um pouco a meio da década passada. Ainda assim, acaba por ser o mais fraco do trio lançado pelos canadianos.

Existem diversos momentos altos no álbum; poucas bandas se podem orgulhar de apresentar no mesmo álbum faixas como The Suburbs, Ready to Start, Empty Room, City With No Children, Half Light II, Month of May, e a melhor do album, Sprawl II (Mountains Beyond Mountains).  O calcanhar de Aquiles  é o quarto de hora que acrescenta a Funeral e a Neon Bible, sem que se sinta pouco mais que uns b-sides (certamente favoritos a crowd pleasers para os fãs da banda ao vivo) . E por “mais fraco”, entenda-se que apesar de parecer um pouco longe do pódio neste momento, ainda assim deverá ficar num lugar bem cimeiro. Há bandas assim.

/\/\/\Y/\
M.I.A.

/\/\|=R|>/\

Cosmogramma
Flying Lotus
Ω Ω

Muitas vezes, quando se fala de música electrónica mais experimental, o selo da Warp acaba por  ser tanto um selo de recomendação, como um aviso do que se segue pode não ser para todos; Não são poucos os que veneram a música quase pastoral dos Boards of Canada e odeiam o que caraças o Aphex Twin estiver a fazer agora, e vice-versa. Com influências que vão do jazz (Steven Ellison é descendente de John Coltrane) até ao glitch e IDM típicos da editora, Cosmogramma encaixa perfeitamente em qualquer ocasião.

Música para genéricos? Talvez. Mas se todos os canais (além to Adult Swim) usassem música deste calibre, via mais televisão.

Posted Segunda-feira, 9 Agosto 2010 by Silva in Ohm Sweet Ohm

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Ohm, sweet ohm.

Obviamente, não me passou ao lado que o dito album que teria o direito ao anti-ohm chama-se “Resistance”. Que seria o nome óbvio para a secção. Mas que por motivos óbvios, ficava um bocado mal. Por isso, decidi ir buscar o nome de uma música dos Kraftwerk.

Não está mau de todo.
Breathe The Fire / Phantoms
The Soft Moon
Ω Ω  (single)

O ambiente é gelido. As vozes estão escondidas entre uma melodia pouco definida que por vezes ganha força num riff de guitarra mais pronunciado, isto tudo liderado por um ritmo preciso. Londres? Manchester? São Francisco. Improvável? Talvez. Mas aqui está o primeiro single desse colectivo de uma pessoa que, sem fazer nada de terrivelmente original, promete intrometer-se nos lugares cimeiros de muitos tops no final do ano.

A arrumar ao lado de outras bandas que surgiram com essa mistura de dream pop e ritmos krautrockianos/post-punk como os Horrors, vale a pena seguir Luis Vasquez com atenção nos próximos tempos.

Sex With An X
The Vaselines
Ω Ω

Uma das bandas mais influentes do estilo indie pop pós-C86, muito graças à recomendação de Kurt Cobain, o álbum e o par de EPs editados pela banda durante a sua curta existência deixava-os ainda assim com mais para a posteridade que muitas bandas contemporâneas. Por isso, não é grande surpresa que no meio de um revivalismo do twee, a banda que porventura mais “sucesso” teve nos EUA.

Falando em revivalismo, é interessante ver como a música de lançamento para o álbum é precisamente uma menção ao revisionismo dentro do revivalismo: “What do you know? You weren’t there. It wasn’t all Duran Duran Duran Duran. You want the truth? Well this is it – I hate the 80s ‘cause the 80s were shit“. Duro? Talvez. Mas numa altura em que se tentam branquear ou esquecer as maiores aberrações da década para lá do fascínio bizarro de um Rick Roll, talvez seja merecido. Talvez a própria ironia seja em que o álbum dos Vaselines pouco de destaque de toda a onda indie pop tanto da vaga C86 como da vaga C2006. Mas afinal de contas… não deixa de ser bom. E sempre têm a desculpa de ser “apenas” o seu segundo album.

What We Held On To
Shigeto
Ω  (ep)

O segundo solitário da semana, Zach Saginaw, poderia ser apenas mais um de muitos exploradores da música electrónica mais orientada para a anónima música ambiente de um qualquer bar hipster do que para a pista de dança. Mas por entre as samples vocais que remetem aos anos 60, nintendo sound e os sons analógicos, há algo que escapa dos clichés.

Uma mistura de musica ambiente com IDM, retocada com estilos jazz, What We Held On To é apenas uma amostra do que virá mais tarde, na forma do LP Full Circle. A melhor parte? Pode ser obtido gratuitamente a partir da editora. Para já, promete.

Crush Depth
Chrome Hoof
ΩΩΩ

Uma das bandas mais estranhas do panorama actual, os Chrome Hoof são uma banda que além  do impacto em palco provocado pelo aspecto de princesa alienígena da vocalista Lola Olafisoye  e os robes prateados dos diversos músicos que compõe esta quase-orquestra experimental, mas também pela amalgama de géneros que exploram nos seus discos, desde metal até ao disco, por vezes na mesma faixa. O que levou a que alguns apelidassem músicas como Death is Certain géneros tão curiosos como doom disco.

Crush Depth é mesmo isso – desde as músicas polvilhadas com power chords e riffs metaleiros (Third Sun Descendant), explorações num jazz muito espacial (Sea Hornet), a bassline urgente de Deadly Pressure ou o late disco de Vapourise. Não é um album para todos – é preciso estar predisposto a aceitar que os Chrome Hoof são simplesmente doidos, e que nunca haverá um estilo predominante. Esses têm aqui um dos álbuns do ano.

Na próxima semana: Arcade Fire e mais uns quantos

Posted Terça-feira, 27 Julho 2010 by Silva in Musica, Ohm Sweet Ohm

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